domingo, 8 de fevereiro de 2015

Ambientalista afirma que falta vontade política para salvar bacia do Guariroba

Liana Feitosa



Coordenador do movimento Guariroba Vivo afirma que degradação do Guariroba é crítica, mas prefeitura tem dinheiro para reverter situação. (Foto: arquivo pessoal)Coordenador do movimento Guariroba Vivo afirma que degradação do Guariroba é crítica, mas prefeitura tem dinheiro para reverter situação. (Foto: arquivo pessoal)
A situação da Bacia do Guariroba é crítica, mas há dinheiro para reverter o quadro, afirma o coordenador do movimento Guariroba Vivo, que defende a preservação da bacia, área que tem sido alvo de investigações do MPE (Ministério Público do Estado) de Mato Grosso do Sul, já que é responsável por cerca de 50% do abastecimento da Capital.
Para cobrar mais atenção sobre o tema, Borralho agendou uma reunião com a promotora de justiça Luz Marina Borges Maciel Pinheiro, titular da 26ª Promotoria de Justiça do Meio Ambiente, para a próxima terça-feira (10).
Reivindicações - No encontro com a promotora, o ambientalista pretende solicitar que o MPE realize auditoria sobre as verbas destinadas aos setores que deveriam cuidar da preservação do meio ambiente na Capital.
Em entrevista ao Campo Grande News, o coordenador, que também atua no Fórum de Meio Ambiente, grupo que reúne várias entidades interessadas no tema, afirmou que todos os meses são repassados aos órgãos e fundos voltados para o meio ambiente mais de R$ 500 mil. Sem contar o dinheiro dos TACs (Termos de Ajustamento de Conduta) que o MP firmou com a administração municipal.
Assoreamento diminui oferta de água e destrói estradas que exigirão novos reparos. (Foto: Divulgação MPE)Assoreamento diminui oferta de água e destrói estradas que exigirão novos reparos. (Foto: Divulgação MPE)
A empresa destinou a verba ap Programa de Pagamento por Serviços Ambientais, criado pela Prefeitura de Campo Grande, para serem aplicados exclusivamente na recuperação da APA (Área de Proteção Ambiental) do Guariroba.
Onde está o dinheiro? - "Além de tudo isso, ainda existem R$ 1 milhão repassados pela senadora Marisa Serrano para a recuperação da bacia, R$ 1 milhão repassados pelo Banco do Brasil e mais multas e licenciamentos que são arrecadados, mas não são aplicados na recuperação e preservação da bacia. Onde está esse dinheiro? Onde ele foi parar, o que estão fazendo com ele?", questiona Borralho.
Para ele, o MPE precisa auditar esses valores para encontrar as respostas para essas perguntas e os órgãos competentes precisam agir. "A Prefeitura não faz nada, a Comissão de Meio Ambiente da Câmara de Vereadores não faz nada, o Conselho Municipal de Meio Ambiente, o Conselho Gestor da Bacia do Guariroba, nem o Conselho Gestor da Bacia do Lageado que, inclusive, está numa situação pior que a do Guariroba", categoriza.
"A Prefeitura está sendo omissa e cometendo crime ambiental, a prefeitura está cometendo um ilício administrativo. Mas a questão é que a Prefeitura não tem vontade política de resolver o problema", finaliza.
Para ele, a situação da baica piorou há cerca de 3 anos, época em que o ex-prefeito Alcides Bernalassumiu a administração municipal. "Já detectamos a situação e estamos cobrando ações efetivas da prefeitura. Antes da situação ficar assim, ações de preservação eram feitas, mas depois pararam. O que já estava ruim, ficou pior", afirma.
Estrada CG-140, que corta a Bacia do Guariroba, tem processo erosivo e é um dos alvos do MPE. (Foto: Divulgação MPE)Estrada CG-140, que corta a Bacia do Guariroba, tem processo erosivo e é um dos alvos do MPE. (Foto: Divulgação MPE)
Fim ao gado - Segundo Borralho, há 20 anos, a lâmina d'água da represa da bacia tinha mais de 2 metros de profundidade. Hoje, não passa dos 40 centímetros. Para o ambientalista, a solução definitiva para o problema seria a mudança da atividade econômica da região.
"A bovinocultura não cabe mais ali. O gado é criado em área que deveria ser de preservação, em solo que facilmente se degrada, próximo a nascentes. Mudar a atividade econômica seria a melhor alternativa, incentivar os fazendeiros a investir em atividades limpas e não degradantes, como pousadas, por exemplo, já que a região é rica em água, ou até criação de abelhas", sugere.
Prefeitura - Sobre os problemas da bacia do Guariroba, a Prefeitura afirmou em nota que, após ser citada na presente ação, teve um prazo assinalado pelo juiz que deve ir até 17 de fevereiro. Esse é o prazo para cumprir ou demonstrar à Vara de Direitos Difusos que atendeu a todos os pedidos, ou ainda apresentar embargos à execução.



Nenhum comentário: