sexta-feira, 11 de setembro de 2015

ONG alerta para abuso na exploração do Cerrado

Segundo maior bioma do país, o Cerrado é uma fonte de riquezas naturais pouco conhecida
pelos brasileiros



Do R7

No dia 11 de setembro é comemorado o Dia Nacional do Cerrado Reprodução/Sagarana

O Cerrado é um bioma brasileiro que conta com grande diversidade de fauna e flora. É o segundo maior do país, atrás apenas da Floresta Amazônica. Mas apesar da sua importância, ele está sob ameaça. Sem o devido reconhecimento como patrimônio nacional e uma lei de uso sustentável, a vegetação nativa perde cada vez mais espaço para o agronegócio, que já ocupa pelo menos 50% do bioma. Esse cenário afeta não só a biodiversidade, como também os povos e comunidades tradicionais que vivem na região.
Nesta sexta-feira (11) foi comemorado o Dia Nacional do Cerrado para promover discussão acerca do tema da devastação do meio ambiente. Para ajudar na conscientização, o WWF-Brasil desenvolveu alguns infográficos. Confira aqui.
Enquanto mais de 100 milhões de hectares da cobertura vegetal do Cerrado (o mesmo que toda a área da Europa ocidental) já foram perdidos para o agronegócio, em sua maioria para as plantações de soja, cana, eucalipto, algodão e a pecuária extensiva, há centenas de anos, os povos do Cerrado coletam espécies nativas para se alimentar, vender e/ou processar, complementando sua renda com a prática do extrativismo.
Indígenas, quilombolas, geraizeiros, vazanteiros, quebradeiras de coco e agricultores familiares têm com a terra e seus recursos uma relação de sobrevivência mútua: vivem em seus territórios, coletando o que a natureza oferece e ajudando a conservar o bioma. 
Segundo Júlio César Sampaio, coordenador do Programa Cerrado Pantanal do WWF-Brasil, essa riqueza deve ser utilizada.
— Tanta riqueza pode e deve ser usada. Um lugar que tem mais de 11 mil espécies vegetais dentre elas, diversas árvores frutíferas, como o pequi, o babaçu e o baru, entre muitas outras, tem um gigantesco potencial econômico de uso dos seus recursos naturais.
Bioma é o segundo maior do Brasil e é rico em biodiversidade Reprodução/Cerratinga.org
Para se ter uma ideia dessa possibilidade, um estudo sobre avaliação do estoque de frutos do Cerrado, realizado pelo Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), quantifica que no bioma ocorrem em média 65 árvores de pequi, 76 de baru e 27 de babaçu por cada hectare (área de 10.000 m2). Se o Cerrado possui aproximadamente 200 milhões de hectares de área em território brasileiro, estima-se que ainda existem aproximadamente 36 milhões de hectares cobertos por pequi, 35 milhões de baru, 58 milhões de babaçu, considerando as sobreposições. Levando em consideração um aproveitamento de 50% dos recursos de cada espécie, a renda potencial por hectare é de R$ 4.551,39 para o pequi, R$ 1.431,93 para o babaçu e R$ 6.602,50 para o baru.
Segundo Sampaio, já existem iniciativas para estimular a produção em larga escala dos produtos, mas há muitos empecilhos.
— As plantas e frutos do Cerrado são valiosos. Se começarmos a nos interessar por eles, fomentaremos as cadeias produtivas. Isso beneficiará não só as comunidades com a geração de renda para indígenas, quilombolas e pequenos agricultores familiares, mas também a preservação do bioma. É uma forma de consumo saudável e socioambientalmente correta.


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