A informação é do Ranking do Saneamento 2016, do Instituto Trata Brasil.
Concessionária trabalha para universalizar o serviço até 2025.
O aposentado Jacir Brazzo, de 57 anos, olha para o céu nublado neste início de primavera emCampo Grande e já se preocupa. Ele é morador há 12 anos do “Nova Campo Grande”, na região oeste da capital sul-mato-grossense, e sabe que junto com a chuva vai voltar a ver as ruas do bairro de pouco mais de 10 mil moradores, se transformarem em verdadeiros “rios de esgoto” correndo a céu aberto, espalhando doenças e contaminação.
No bairro, o lençol freático é muito superficial. Ainda sem contar com a rede coletora de esgoto, os moradores utilizam fossas para receber o esgoto doméstico. Mas quando chove, as fossas transbordam. A água da chuva se mistura então aos rejeitos, formando uma enxurrada tóxica. “O cheiro é insuportável. Além disso, se a chuva é muito forte a água acaba entrando dentro das casas, nos deixando expostos a todo tipo de doença. Não é a toa que vivemos no posto de saúde”, diz Brazzo.
Ele explica que no bairro, muitas casas também têm poços artesianos, o que agrava ainda mais a situação, já que os “rios de esgoto” acabam chegando a essas estruturas, contaminando a água que é utilizada pelos moradores.
Brazzo conta que nem nos períodos de estiagem os moradores do “Nova Campo Grande” têm sossego. “As fossas enchem muito rapidamente. Eu já tive que esvaziar a minha quatro vezes em um ano. Tive que fazer uma obra, para aumentar a altura dela em relação ao nível do solo, para tentar melhorar um pouco a situação. Mas tem alguns vizinhos que têm de esvaziar todo mês, não tem jeito”, relata.
A solução para o problema, conforme o morador, é somente uma. A instalação da rede coletora de esgoto no bairro. “Esse é o nosso grande sonho. É o que pode melhorar muito nossa situação”, comenta, completando que o aumento que vai ocorrer na conta de água a partir da implantação do serviço acaba se tornando uma compensação justa diante da dimensão do problema. “Vai sair muito mais barato pagar pela rede de esgoto, para termos saúde, do que o que gastamos hoje comprando medicamentos para tratar as doenças”.
De acordo a Águas Guariroba, concessionária responsável pelo abastecimento de água e coleta de esgoto na cidade, o bairro “Nova Campo Grande” está incluído na terceira etapa do Programa “Sanear Morena”, que foi iniciada em 2014 e prevê até 2025 universalizar o serviço, ou seja, levá-lo a toda a cidade. Nesta fase estão sendo implantados dois mil quilômetros de rede coletora, por meio de 126 mil novas ligações, beneficiando 240 mil pessoas em 418 bairros. Além da ampliação da rede será construída ainda uma nova estação de tratamento e ampliadas as duas em atividade.
O investimento somente nesta fase do programa é de R$ 636 milhões, segundo o gerente de Engenharia da concessionária, Kamilo Reis Carnasciali dos Santos. Ele comenta que no caso do “Nova Campo Grande”, a previsão é que o bairro receba a rede coletora em 2022. Entretanto, existe um compromisso firmado com a prefeitura que estipula que se o município for executar pavimentação e drenagem no bairro antes desse prazo, a empresa antecipará seu calendário, implantando a rede junto com essas obras.
Conforme a prefeitura, em agosto deste ano foi republicado o edital de licitação para a pavimentação e drenagem do “Nova Campo Grande”. Os recursos são da Caixa Econômica Federal. A documentação e as propostas das empresas interessadas em executar a obra devem ser entregues até está sexta-feira (30 de setembro). O valor, conforme o município, é de aproximadamente R$ 90 milhões e assim que licitadas as obras terão início. A prefeitura também reiterou a parceria com a concessionária para a antecipação do cronograma de expansão da rede de esgoto e apontou que no mesmo período em que estiver fazendo as obras de drenagem e pavimentação, a empresa levará o serviço para o bairro.
Década do saneamento
Segundo o gerente de Engenharia da Águas Guariroba, a empresa deu inicio ao projeto de ampliação da rede coletora e de tratamento de esgoto em 2006. Na época, a cidade tinha apenas 29% de cobertura. Em três anos a concessionária investiu na primeira etapa do “Sanear Morena” R$ 198 milhões. As obras, concluídas em 2008, duplicaram a rede, levando o serviço para 60% da população da cidade.
Segundo o gerente de Engenharia da Águas Guariroba, a empresa deu inicio ao projeto de ampliação da rede coletora e de tratamento de esgoto em 2006. Na época, a cidade tinha apenas 29% de cobertura. Em três anos a concessionária investiu na primeira etapa do “Sanear Morena” R$ 198 milhões. As obras, concluídas em 2008, duplicaram a rede, levando o serviço para 60% da população da cidade.
Nesta etapa foram construídos 712 quilômetros de rede coletora e feitas 57,5 mil ligações domiciliares, beneficiando 280 mil pessoas em 170 bairros. Também foi instalada a Estação de Tratamento de Esgoto Los Angeles (ETE Los Angeles), no bairro de mesmo nome, que tem capacidade para tratar 720 litros por segundo.
Após a conclusão da primeira etapa a empresa deu início em 2010 a segunda fase do programa. No “Sanear Morena 2” foram investidos R$ 57 milhões para a instalação de 141 quilômetros de rede coletora. De acordo com a empresa, foram feitas 15.033 ligações domiciliares, levando o benefício a 48 mil pessoas em 33 bairros. A etapa terminou em 2013 e ainda contou com a construção de uma nova estação de tratamento de esgoto, a ETE Imbirussu, no polo empresarial Oeste da cidade. A estrutura tem capacidade de tratamento de 120 litros por segundo. A fase foi concluída com a rede chegando a 73% da população da cidade.
Um dos maiores investimentos do país
Com o “Sanear Morena 3”, iniciado em 2014, Campo Grande atingiu em 2016, 80% de cobertura de rede de esgoto, segundo a Águas Guariroba. Graças aos investimentos na ampliação realizados nesta década pela empresa, a cidade ficou em terceiro lugar no Ranking do Saneamento 2016, do Instituto Trata Brasil, no quesito de evolução no atendimento de esgoto entre as capitais do país. O índice passou de 60,26%, em 2010, para 71,89% em 2014, um crescimento de 11,63 pontos percentuais. Clique aqui para conferir a íntegra do estudo!
Com o “Sanear Morena 3”, iniciado em 2014, Campo Grande atingiu em 2016, 80% de cobertura de rede de esgoto, segundo a Águas Guariroba. Graças aos investimentos na ampliação realizados nesta década pela empresa, a cidade ficou em terceiro lugar no Ranking do Saneamento 2016, do Instituto Trata Brasil, no quesito de evolução no atendimento de esgoto entre as capitais do país. O índice passou de 60,26%, em 2010, para 71,89% em 2014, um crescimento de 11,63 pontos percentuais. Clique aqui para conferir a íntegra do estudo!
Neste mesmo intervalo de tempo, ainda conforme o levantamento do Instituto Trata Brasil, o investimento em ampliação da rede e tratamento de esgoto em Campo Grande, chegou a R$ 468,56 milhões, média por ano de 93,71 milhões, o equivalente a R$ 22,23 por habitante. Foi o sétimo maior entre todas as capitais, ficando atrás apenas do registrado em Vitória (ES), com R$ 65,19; Boa Vista (AC), com R$ 42,75; Recife (PE), com R$ 41,47; Cuiabá (MT), com R$ 28,49; Palmas (TO), com R$ 27,18 e Aracaju (SE), com R$ 23,35.
No ranking geral do saneamento do país, quando são levados em conta, além da coleta de esgoto, o fornecimento de água, as perdas na distribuição, as perdas no faturamento e a população, entre outros, Campo Grande ficou em 32º lugar.
O presidente do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos, destacou que ocorreu um grande avanço em Campo Grande na ampliação da rede coletora de esgoto nos últimos anos, principalmente quando comparado com outras cidades e com a média nacional. O Brasil, explica ele, tem apenas 49,8% de sua população atendida por esgoto.
O índice o coloca em décimo lugar em uma lista que mede a cobertura da rede de esgoto em 17 países latino-americanos. O Brasil, de acordo com Édison Carlos, está atrás até mesmo de nações com um Produto Interno Bruto por habitante, o PIB per capta, bem menor, como, por exemplo, a Bolívia, que está em nono lugar no ranking e tem índice de cobertura para o serviço de 63,1% e o Equador, que aparece em quinto na listagem, com percentual de 75,8%.
“O nome saneamento básico já diz tudo. Ele é essencial. É o maior benefício que uma comunidade pode ter e não estou falando somente de saúde, falo também de educação, porque em um local que tem um bom saneamento, as crianças e adolescentes faltam menos as aulas porque ficam menos doentes. Se tem também mais desenvolvimento econômico, mais valorização dos imóveis e mais geração de emprego e renda. Temos vários estudos da Fundação Getúlio Vargas (FGV) que comprovam isso. Pena que no Brasil se criou uma falsa idéia que obra enterrada não dá voto, que era preferível construir um hospital a se investir em rede de esgoto, quando na verdade a rede coletora representa o melhor investimento em saúde, em medicina preventiva. Por isso, tivemos no país praticamente duas décadas perdidas nessa área, a exceção de alguns poucos investimentos, e temos um índice de cobertura ainda tão baixo”, avalia.
Em relação a Campo Grande, o presidente do Instituto Trata Brasil, destacou que com o índice de cobertura já atingido pela concessionária, o projeto de universalização entra em uma fase desafiadora para a empresa. “Quanto mais perto da universalização, como já está Campo Grande, com 80% de cobertura, maior será o desafio. Primeiro, porque a cidade não para de crescer e segundo porque esses 20% que restaram vão exigir mais da empresa, seja porque estão em áreas mais distantes ou em locais de difícil acesso”, analisa.
Chegada da rede
Enquanto Jacir Brazzo sonha com a chegada da rede de esgoto ao seu bairro, em outra região da cidade, no sul, mais especificamente na Coophavila II, a espera de décadas para alguns moradores chegou ao fim. Esse é o caso do pintor Cláudio Pereira Santana, de 53 anos. As obras para a instalação do serviço na rua de sua casa foram executadas há pouco mais de 20 dias.
Enquanto Jacir Brazzo sonha com a chegada da rede de esgoto ao seu bairro, em outra região da cidade, no sul, mais especificamente na Coophavila II, a espera de décadas para alguns moradores chegou ao fim. Esse é o caso do pintor Cláudio Pereira Santana, de 53 anos. As obras para a instalação do serviço na rua de sua casa foram executadas há pouco mais de 20 dias.
“É o fim de uma espera de mais de 30 anos. Nesse período já tive que construir cinco fossas em minha casa. Já não tinha mais onde abrir buraco”, diz Santana, completando que o serviço deve assegurar uma série de benefícios aos moradores e ao meio ambiente.
Outra moradora do bairro que também celebra a chegada da rede coletora de esgoto é a cabeleireira Valdirene Lourenço. Ela se mudou há pouco mais de sete meses para a Coophavila II e conta que o serviço vai trazer mais tranqüilidade para a sua família. “Logo que nos mudamos enfrentamos um grande problema de entupimento de canos, resolvemos, mas já começamos a nos preocupar com a situação da fossa, se estava cheia ou não e se teríamos que esvaziá-la. Agora, com o esgoto vamos ficar mais tranqüilos. O valor que vamos pagar a mais na conta acaba compensando os benefícios que se tem”, diz.
Segundo o gerente de Engenharia da Águas Guariroba, antes da instalação da rede, como ocorreu na Coophavila II e em outros bairros, a empresa faz uma reunião com os moradores. No encontro, técnicos explicam como será feita a ampliação, as vantagens que o serviço vai assegurar e a contrapartida, o investimento que deverá ser feito pelas pessoas que vivem no local para a contratação e depois para a manutenção do serviço.
Santos diz que após a chegada da rede, cada morador assina um contrato com a empresa, em que assume a responsabilidade pelo pagamento da instalação, que tem o valor de R$ 216,37 para as vias sem pavimentação e de R$ 657,02 para as asfaltadas. Esse valor, conforme ele, pode ser dividido em até 36 vezes, e as parcelas serem incluídas na fatura do consumidor. O cliente também deverá, conforme o gerente da concessionária, fazer a ligação da tubulação do seu imóvel a rede externa.
A partir da assinatura do contrato, a empresa passa a cobrar pela prestação de serviço de coleta de esgoto o equivalente a 70% do consumo de água. Esse valor também é incluído na fatura mensal do consumidor.
Os valores desembolsados pelos moradores para fazer a conexão a rede de esgoto acabam sendo compensados, conforme o gerente de Engenharia da empresa, pelos benefícios que o serviço assegura.
“Esgoto coletado e tratado representa menor risco a saúde, menor risco de acidentes nas estruturas da fossas, melhoria dos índices de saúde pública, preservação dos mananciais, se evita a contaminação do lençol freático e ainda se tem o benefício econômico, porque a população vai deixar de gastar para esvaziar as fossas ou construir novas fossas e vai reduzir os gastos com remédios porque ficará menos doente”, salienta.
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Reforça essa argumentação o estudo “Analise dos Indicadores de Saúde Pública Associados ao Saneamento Inadequado em Campo Grande no período de 2003 a 2015”, elaborado pela geógrafa, mestre e doutora em Geociências, Denise Kronemberger.
O trabalho foi baseado no indicador “Doenças Relacionadas ao Saneamento Ambiental Inadequado” (Drsai), publicado anualmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e analisou dois aspectos importantes relacionados ao esgotamento sanitário, o perfil de morbi-mortalidade por diarréias e o quadro de gastos hospitalares com internações por diarréias.
O estudo elencou a diarréia como o principal indicador porque é um sintoma comum de infecção gastrointestinal e que pode ser causada por um grande número de bactérias, vírus e protozoários, que têm a proliferação favorecida com a falta de saneamento.
As doenças diarréicas consideradas pela geógrafa no estudo foram: cólera, shiguelose, amebíase, infecções por salmonella, infecções intestinais bacterianas, doenças intestinais por protozoários, infecções intestinais virais, além da diarréia e gastroenterite de origem infecciosa.
O estudo apontou que enquanto se ampliava a rede coletora de esgoto de Campo Grande entre 2003 e 2015, em 80%, ocorreu uma redução de 91% nas internações por doenças diarréicas na cidade, caindo de 157,3 a cada 100 mil habitantes para 13,7. Também foi registrada uma retração de 64,65% na taxa de mortalidade por doenças diarréicas no mesmo período, com o indicador caindo de 0,99 por 100 mil habitantes para 0,35.
Outro indicador, conforme o trabalho, que apresentou uma redução expressiva no intervalo de tempo avaliado foi o dos gastos com internações por doenças diarréicas, que levou em conta a quantidade e a duração das hospitalizações. Neste aspecto a redução na capital sul-mato-grossense foi de 77,74%, com o valor gasto por 100 mil habitantes caindo de R$ 48.336,37 em 2003 para R$ 10.763,45 em 2015.
Um outro ponto importante da ampliação da rede é o da valorização dos imóveis que recebem o serviço. Na Vila Kellen, II, também na região sul de Campo Grande, o casal de aposentados Deodato Cardoso da Cruz, de 68 anos, e Setsuko Inoue da Cruz, de 61 anos, conta que essa é a grande expectativa com a chegada da rede.
Da frente da casa onde moram há 40 anos, eles acompanham a instalação da tubulação nas ruas vizinhas ao seu imóvel. “Acho que vai valorizar muito a nossa casa, possibilitando que logo depois passe a drenagem e a pavimentação”, comentam.
Segundo o presidente da Câmara de Valores Imobiliários de Mato Grosso do Sul, Dilson Tadeu Auerswald, em média, a instalação da rede de esgoto em um bairro e a ligação do imóvel ao sistema de coleta, asseguram um aumento no valor de mercado dessa edificação entre 5% e 10%.
“A procura por imóveis que contam já com sistema de coleta de esgoto aumenta cada vez mais. Passou a ser tão importante quanto o abastecimento de água, o fornecimento de energia e o asfalto, tanto que alguns loteamentos novos que estão sendo abertos, já estão oferecendo esse serviço aos compradores”, revela Auerswald.
Saneamento, uma preocupação mundial
A questão do saneamento básico é tão importante, que uma resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) adotada em dezembro do ano passado o reconheceu como um direito humano separado do direito à água potável.
A questão do saneamento básico é tão importante, que uma resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) adotada em dezembro do ano passado o reconheceu como um direito humano separado do direito à água potável.
Essa resolução destaca que em todo o mundo mais de 2,5 bilhões de pessoas vivem sem acesso a banheiros e sistemas de esgoto adequados, o que favorece a proliferação de doenças infecciosas. Segundo a ONU, a ausência de estruturas sanitárias adequadas tem um “efeito dominó”, prejudicando a busca e o desfrute dos outros direitos humanos, como à saúde, à vida e à educação.
Em 2010, o relatório Sick Water, “Água Doente”, publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), apontou que no mundo mais pessoas morrem por causa de doenças relacionadas a água poluída a cada ano do que por todas as formas de violência, inclusive as guerras. Para conferir a íntegra do relatório clique aqui!
O relatório também destacou que em média são necessários três litros de água para produzir um litro de água potável e que cerca de 2 bilhões de toneladas de resíduos líquidos, incluindo esgoto e lixo industrial, são despejados diariamente nos ecossistemas, ajudando a espalhar uma série de doenças relacionadas a água contaminada.
Um levantamento do Instituto Trata Brasil aponta que entre as doenças veiculadas por meio do esgoto estão: febre tifóide, shigeloses, disenterias, cólera, hepatite A, amebíase, giardíase, infecção por ascaris e leptospirose, entre outras.
Sistemas de tratamento e pesquisas
Segundo a Águas Guariroba, nas duas estações em operação em Campo Grande (Los Angeles e Imbirussu), o esgoto passa por quatro etapas de tratamento antes que a água seja devolvida a córregos e rios: preliminar, primário, físico-químico e final.
Segundo a Águas Guariroba, nas duas estações em operação em Campo Grande (Los Angeles e Imbirussu), o esgoto passa por quatro etapas de tratamento antes que a água seja devolvida a córregos e rios: preliminar, primário, físico-químico e final.
Nestas estações, o esgoto passa pelo gradeamento, desarenação e depois segue para um reator, que tem a função de retirar a matéria orgânica (tratamento biológico) e formar um subproduto de lodos e gases. Os gases são queimados e o lodo é desidratado e utilizado como condicionador de solo no viveiro de mudas da empresa. O efluente, que é a parte líquida do esgoto, ainda passa pelo processo de tratamento físico – químico e somente depois é lançado nos córregos, obedecendo às normas ambientais. De acordo com a concessionária, 100% do esgoto coletado na cidade é tratado.
Para aprimorar processos e desenvolver novas tecnologias e práticas na área de saneamento, a concessionária firmou no início deste ano um convênio com a Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), em Campo Grande.
Segundo o coordenador do curso de Engenharia Sanitária e Ambiental da instituição, Fernando Jorge Corrêa Magalhaes Filho, desde março começaram a ser desenvolvidos os projetos. Atualmente estão em andamento 20 estudos, mobilizando cerca de 30 alunos dos cursos de bacharelato, mestrado e doutorado da universidade.
Entre os estudos, alguns dos que estão relacionados direta ou indiretamente a questão do esgoto doméstico, conforme Magalhães Filho, são o de avaliação da vulnerabilidade dos aqüíferos nas várias regiões da cidade, um que está mensurando a quantidade de biogás produzido em uma estação de tratamento para avaliar a viabilidade do seu uso na geração de bioeletricidade, um outro projeto está analisando o pós-tratamento do esgoto e um trabalho é voltado para a questão do pavimento, já que a implantação da rede demanda também uma obra física.
A maior parte dos projetos, conforme o coordenador, deve apresentar resultados a partir do primeiro semestre do próximo ano, entretanto, um já rendeu os primeiros frutos. “O projeto de produção de tijolos de solo-cimento, os chamados tijolos ecológicos, já está finalizado. Não tem uma queima, como o tijolo convencional e nós utilizamos o lodo da Estação de Tratamento de Água (ETA), que em Campo Grande era transportado para a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE). O que seria então um problema do saneamento se torna uma solução para a habitação, de modo que possamos produzir com menor custo, residências e outras obras”, explica. Para saber mais sobre os projetos assista a entrevista de Magalhães Filho no vídeo abaixo!
As vantagens do investimento em tratamento de esgoto para a saúde pública são tão visíveis, que um levantamento da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) apontou que a cada R$ 1 investido em saneamento no país, se economiza em média R$ 4 em medicina curativa.